Notícias BDS

Exigimos que a Microsoft corte todos os laços com o exército genocida israelita

Entre 13 e 16 de outubro, Lisboa acolhe a conferência europeia Microsoft Azure Dev Summit, destinada a especialistas em Inteligência Artificial, programadores, e decisores do nosso continente. O pano de fundo desta conferência é a cumplicidade da Microsoft com as Forças Armadas de Israel.

A Inteligência Artificial, alimentada por bases de dados gigantescas armazenadas na nuvem, tem sido amplamente utilizada por Israel como a sua principal arma de guerra, orientando as operações, e determinando os alvos da sua campanha de bombardeamento intensivo, como está amplamente documentado. A grande maioria das vítimas são civis. Nos últimos dois anos, o exército israelita matou na ordem de uma centena de milhar de pessoas em Gaza. Isso representa uma média de cerca de 130 pessoas por dia. Quarenta crianças foram assassinadas diariamente. Segundo a Organização Mundial de Saúde, foram ainda feridas 167.376 pessoas, com quase 42 mil sofrendo ferimentos descritos como “alterando a sua vida”, incluindo 5000 amputações. As Nações Unidas relataram que 92% dos edifícios de Gaza foram destruídos ou danificados. Israel destruiu 98 % da capacidade de Gaza produzir alimentos.

Na Cisjordânia o exército israelita protege as agressões e as expulsões de palestinianos por parte de colonos israelitas ilegais.

No entanto, e apesar da recente limitação ao armazenamento de escutas telefónicas, o exército israelita continua a ser cliente da Microsoft. A Microsoft falhou no seu dever de impedir o genocídio, os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade.

Exortamos os participantes nesta conferência a exigirem que os representantes da Microsoft ponham fim à cumplicidade desta empresa nos crimes de guerra e no genocídio do povo palestiniano. Exigimos que a Microsoft ponha termo à sua cumplicidade com o genocídio em Gaza e corte todos os laços com o exército genocida israelita.

Fim ao Envio de Armas para Israel: Petição Entregue

No dia 7 de outubro, que coincidiu com 24 meses de destruição e massacres ininterruptos em Gaza, o Comité de Solidariedade com a Palestina entregou na Assembleia da República uma petição assinada por 3.207 pessoas exigindo que “Portugal deve impedir o trânsito de material militar para Israel“. Esta iniciativa partiu de uma campanha europeia para travar o trânsito de armas e material de uso militar para Israel no contexto do genocídio em curso na faixa de Gaza e do aceleramento da limpeza étnica na Cisjordânia ocupada. A petição poderá agora ser debatida em comissão parlamentar.

A Convenção Internacional para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, o Tratado sobre o Comércio de Armas e a Posição Comum do Conselho Europeu, acordos de que Portugal é signatário, proíbem a entrega de armas a Israel. Para além disso, o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas apelou a um embargo militar a Israel em abril de 2024 e, pouco depois, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que apelava, entre outras sanções, ao fim das transferências militares para Israel.

Apesar de o governo português ter declarado por várias vezes que estava a cumprir estas decisões internacionais, veio a saber-se, muito recentemente, que três caças militares F35 provenientes dos Estados Unidos e com destino a Israel foram autorizados a fazer escala na Base das Lajes em abril deste ano. Já antes, em outubro de 2024, o governo tinha sido obrigado, pela pressão do movimento de solidariedade com a Palestina, a retirar o pavilhão português ao navio Kathrin que transportava material explosivo para a máquina de guerra israelita. Não obstante, os mesmos governantes permitiram que o navio da companhia Maersk atracasse no porto de Lisboa depois de ter sido recusado nos portos espanhóis por suspeita de estar envolvido no transporte de armas para Israel.

Portugal deve, uma vez por todas, cumprir com as suas obrigações legais e acabar com a cumplicidade no genocídio israelita. O embargo militar é para cumprir em todas as suas formas, incluindo a do trânsito pelo território português de qualquer material para uso militar.

Boicote de artistas à Eurovisão e ao Festival da Canção.

Exigimos que a RTP se comprometa a boicotar o Festival da Eurovisão – não participando e não o transmitindo – até Israel ser excluído do mesmo. Até existir esse compromisso por parte da RTP, apelamos a que nenhum artista nem qualquer outro profissional se associe, concorra ou participe no Festival da Canção – festival organizado anualmente pela RTP, onde é seleccionado o representante português à Eurovisão. A cumplicidade reiterada da European Broadcasting Union (EBU), organizadora do festival, e das emissoras públicas que dela fazem parte (como a RTP), tem permitido que Israel instrumentalize politicamente a Eurovisão para branquear crimes como o genocídio e a ocupação da Palestina. Na última edição a ter lugar em Israel (2019), vários dos vídeos de promoção do evento e de apresentação dos artistas participantes foram filmados em territórios palestinianos e sírios ocupados – incluindo os Montes Golã e Jerusalém Oriental – e apresentados como sendo parte de Israel. Além de transmitir, conscientemente, esta propaganda e desinformação a milhões de telespectadores em todo o mundo, a EBU também a incentivou, organizando visitas a territórios ocupados onde várias delegações, entre elas a da RTP, puderam gravar conteúdo promocional sobre “Israel”. Num desses vídeos, Carla Bugalho, chefe da delegação portuguesa e membro do Grupo de Referência da Eurovisão, responde a perguntas sobre a cultura israelita, numa peça intercalada por imagens da comitiva portuguesa nos territórios palestinianos ocupados de Jerusalém Oriental. Em 2025, Israel subiu ao palco da Eurovisão a 15 de maio, dia da Nakba. Durante essa semana de Eurovisão, Israel assassinou mais de 500 pessoas palestinianas. Nas últimas semanas, Eslovénia, Irlanda, Espanha e Países Baixos comprometeram-se a boicotar a Eurovisão caso Israel participe. Outros, como a Islândia, não aderindo para já ao boicote, apoiam publicamente o afastamento desse país. Vários antigos participantes, incluindo Salvador Sobral e os dois últimos vencedores da Eurovisão, também já manifestaram o seu apoio à exclusão de Israel.

Procurando atenuar a crescente pressão e impedir que mais países anunciassem boicotes, a EBU propôs aos seus membros uma votação sobre o tema em assembleia geral extraordinária, que agendou para Novembro. Esta votação é, contudo, apenas mais uma manobra dilatória da EBU para permitir a continuação de Israel no festival. Contrariamente ao que a EBU e a RTP tentam veicular, não são necessários consensos nem votações em Assembleia Geral para excluir a emissora israelita do festival. Prova disso é que, após a invasão da Ucrânia em 2022, bastou um dia de contestação e ameaças de boicote de várias delegações para a EBU decidir excluir as emissoras Russas da Eurovisão.

Porque pedimos um boicote ao Festival da Canção e não apenas à Eurovisão?

A RTP nega “categoricamente” qualquer intenção de se juntar ao boicote à Eurovisão. Boicotar o Festival da Canção é, por isso, a única forma de garantirmos que a RTP não irá participar na Eurovisão ao lado de Israel e, assim, continuar a ser cúmplice na normalização dos crimes israelitas. A RTP tenciona ainda, alegadamente, “lavar as mãos” de qualquer responsabilidade e delegar nos músicos vencedores do Festival da Canção a decisão de participar ou não na Eurovisão. Ou seja, a RTP pretende, uma vez mais, colocar em cima dos artistas toda a pressão de uma decisão de boicote. Exigimos também a não interferência política do governo português e do ministro Paulo Rangel na decisão da RTP. Cornald Maas, comentador neerlandês, utilizou recentemente a RTP como exemplo de como os poderes políticos estão a limitar as decisões das emissoras públicas. Não existe qualquer obrigação da RTP em participar na Eurovisão como, de resto, aconteceu em anos recentes. A participação é uma escolha e, nas actuais circunstâncias, participar na Eurovisão implica a aceitação e a normalização de um genocídio. Queremos que tanto a Eurovisão como o Festival da Canção aconteçam, mas não às custas de um povo inteiro a ser massacrado. Nenhum festival de música pode ser mais importante do que parar um genocídio e uma limpeza étnica que dura há mais de 77 anos. Apelamos, por isso, à consciência individual e coletiva de toda a comunidade artística portuguesa. Não permitam que a vossa música e o vosso trabalho sejam usados para branquear crimes contra a humanidade: boicotem o Festival da Canção!

relatório da ONU de julhO 2025

Turismo de Ocupação

A Airbnb e a Booking.com foram acusadas de praticar “turismo de ocupação” num relatório da ONU de julho de 2025, por oferecerem alugueres em colonatos israelitas ilegais, construídos em terras palestinianas roubadas. Ao continuarem a alugar tais propriedades, estas empresas estão a lucrar com o apartheid israelita e a ocupação de terras palestinianas. A sua promoção dos colonatos ilegais israelitas como destino turístico contribui para os “normalizar” e legitimar perante o público. Os colonatos são ilegais à luz do direito internacional e a sua criação é um crime de guerra. Os colonatos não devem ser destinos turísticos. A diferença é óbvia entre o tratamento dado à Ucrânia e à Palestina. Embora a Airbnb e a Booking.com se tenham recusado a remover anúncios de alojamentos localizados em colonatos israelitas construídos ilegalmente em terras palestinianas roubadas, removeram rapidamente todos os anúncios russos das suas plataformas após a invasão da Ucrânia. Em 2018, a Airbnb comprometeu-se a deixar de anunciar alugueres em colonatos ilegais de Israel no território palestiniano ocupado, tendo depois feito uma inversão completa e permitindo agora alugueres em terras palestinianas roubadas.

Turismo de Ocupação ONU BDS Airbnb Bookin.com
Turismo de Ocupação ONU BDS Airbnb Bookin.com

Julho de 2025: Ouça o coordenador europeu do boicote cultural do Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções.

Samir Eskanda, músico e ativista entrevistado pela RTP Notícias.

15 Junho 2025

Nasce em Portugal o primeiro observatório de estudos da Palestina da União Europeia

O Centro de Estudos Internacionais (CEI) e o Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa têm o prazer de anunciar o lançamento do Observatório de Estudos da Palestina (OPal).

O OPal constitui a primeira iniciativa académica do seu género na União Europeia, dedicada ao campo interdisciplinar dos Estudos da Palestina, representando um marco relevante no desenvolvimento de uma abordagem crítica e urgente à história, sociedade e política palestinianas.

“Numa altura em que o genocídio contra o povo palestiniano atinge proporções sem precedentes, o OPal afirma a importância do rigor académico aliado à responsabilidade ética.”

Convidamos investigadores, estudantes e instituições a juntarem-se a nós neste esforço partilhado em prol do conhecimento, da justiça e da responsabilidade.

9 Maio 2025

Antigos vencedores e concorrentes da Eurovisão exigem a exclusão de Israel

Mais de 70 antigos participantes do Festival Eurovisão da Canção, entre artistas, compositores, letristas, dançarinos e outros profissionais, assinaram uma carta-aberta onde apelam a que a União Europeia de Radiodifusão (EBU) e os seus membros, nos quais se inclui a RTP, excluam a emissora pública israelita (KAN) do certame. Salvador Sobral, vencedor da edição de 2017, Paulo de Carvalho (1974 e 1977), Fernando Tordo (1973 e 1977), Lena d’Água (coralista em 1978), ou António Calvário, primeiro artista a representar Portugal na Eurovisão, em 1964, são alguns dos músicos portugueses que subscrevem o apelo.

Na carta, divulgada esta terça-feira (6 de maio) pelo coletivo Artists for Palestine UK e pelo Comité de Solidariedade com a Palestina, acusam a KAN de ser “cúmplice do genocídio de Israel contra os palestinianos em Gaza e do regime de décadas de apartheid e ocupação militar contra todo o povo palestiniano”. Afirmam também que, ao “permitir a representação do Estado israelita”, a EBU, entidade organizadora do festival, “está a normalizar e a branquear os seus crimes”. Afirmando-se “chocados” com o facto de a EBU ter permitido a participação de Israel na edição do ano passado, “enquanto continuava o seu genocídio em Gaza, transmitido em direto para o mundo ver”, pedem medidas iguais às tomadas após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, quando as operadoras russas foram impedidas de participar na Eurovisão. “O silêncio não é opção”,afirma-se no apelo, que reúne artistas de 13 países, tais como Mae Muller (Reino Unido, 2023), Jessy Matador (França, 2010), Hadise (Turquia, 2009), Rykka (Suíça, 2016), Brian Kennedy (Irlanda, 2006) ou Daði Freyr (Islândia, 2021).

Acredito que o governo israelita cometeu e continua a cometer genocídio contra o povo palestiniano e, por essa razão, Israel deve ser impedido de participar no Festival Eurovisão da Canção deste ano”, afirma Charlie McGettigan, vencedor do concurso pela Irlanda em 1994.

Esta declaração conjunta surge no momento em que o operador público islandês se juntou às congéneres eslovena e espanhola no pedido de uma discussão sobre a permanência de Israel na Eurovisão. Em Portugal, crescem também os apelos a que a RTP pressione a EBU, vindos de grupos solidários com a Palestina, de sindicatos ou de membros da Comissão de Trabalhadores da RTP. GÅTE, a banda que representou a Noruega no ano passado, também subscreveu o manifesto. “Nós estávamos lá. Vimos o que aconteceu”, afirmam. A banda norueguesa foi uma das principais visadas pelos comentadores israelitas da Eurovisão, que insultaram livremente vários concorrentes durante a última edição da Eurovisão, apelidando Olly Alexander de antissemita, os irlandeses de bêbados e violentos, ou a canção portuguesa de ser uma música de casa-de-banho. No caso da banda norueguesa o incentivo à violência atingiu outra gravidade, tendo estes sido chamados de “filhos de Amalek”, uma referência bíblica (já invocada por Benjamin Netanyahu no contexto do genocídio em Gaza) que no contexto israelita é um apelo ao extermínio completo de um povo. Eran Cicurel, editor da secção de notícias internacionais da rádio KAN Reshet Bet, admitiu recentemente que “a Eurovisão é, há muito, mais do que um mero evento musical; é um campo fundamental para a defesa de Israel”.

Neste momento, Israel está a utilizar, assumidamente, a fome como arma de guerra contra milhões de palestinianos, não permitindo a entrada de qualquer alimento ou ajuda humanitária desde o dia 2 de março, havendo já inúmeros relatos de mortes por fome e sede. La Zarra, que representou a França em 2023, escreveu, por ocasião deste apelo, um poema sobre a cúmplicidade da Eurovisão, do qual os promotores partilham esta breve passagem:

“And while Gaza starves and suffocates, the stage is lit. The microphones are tested. The seats are filled. Israel will sing at Eurovision. A state that has reduced an entire people to rubble will be given a global celebration. What is music, if it plays over mass graves? What is unity, if it demands we look away?”

30 April 2025

CSP reuniu-se com RTP

Uma delegação do Comité de Solidariedade com a Palestina reuniu-se com o presidente do Conselho de Administração da RTP, Nicolau Santos, para lhe pedir que faça ouvir a sua voz dentro da EBU no sentido de a operadora pública israelita de radiodifusão (KAN) ser excluída do Festival Eurovisão da Canção. O CSP aproveitou a ocasião para entregar uma carta de sindicatos e membros da Comissão de Trabalhadores da RTP, com um apelo no mesmo sentido. A carta segue abaixo. O presidente do CA da RTP ouviu solicitamente as preocupações do CSP sobre o genocídio em curso na Palestina e sobre a instrumentalização política que Israel tem feito na Eurovisão, assim como a gravidade das violações por parte da KAN dos regulamentos e estatutos da EBU, embora sem assumir qualquer compromisso de apoiar a posição das emissoras públicas de Espanha, Eslovénia e Islândia no sentido de ver discutida a permanência da emissora israelita no festival. Explicou essa reserva da RTP pela necessidade que tem de consertar as suas posições em assuntos deste cariz com o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Nicolau Santos comprometeu-se, contudo, a discutir o tema com os restantes membros do CA. Lisboa, 30 de abril de 2025

Exmo. Sr. 

Presidente do Conselho de Administração da RTP

Pela segunda vez enquanto decorre o genocídio em Gaza, o festival Eurovisão tem a intenção de manter Israel como participante. A semifinal em que a concorrente israelita irá competir está marcada para o dia 15 de maio, dia em que se assinala a expulsão e limpeza étnica da Palestina em 1948, a chamada Nakba. 

A normalização da participação israelita e a indiferença perante o movimento internacional que pede o boicote a Israel é uma opção política e só pode ser vista como cumplicidade com a violação do direito internacional e com os crimes de guerra de Israel.

Constatando isto mesmo, a televisão pública espanhola teve a exemplar iniciativa de propor que se abrisse na EBU uma discussão com vista a Israel ser excluído do festival deste ano, como a Rússia o foi em 2022, após a invasão da Ucrânia.

Pelos cargos que desempenha na EBU, Nicolau Santos tem responsabilidade e influência nas decisões tomadas por este organismo. Pedimos-lhe que defenda no seu seio a exclusão da Kan, televisão pública de Israel.

Na expectativa da sua urgente resposta, com os melhores cumprimentos,

SJ – Sindicato dos Jornalistas

SMAV – Sindicato dos Meios Audiovisuais

SINTTAV – Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual

STT – Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações

Isabel Rosa (membro da CT da RTP)

Jorge Reis Guerreiro (membro da CT da RTP)

Vanessa Espírito Santo (membro da CT da RTP)

Sandy Gageiro (membro da CT da RTP)

Martinho Camarão (membro suplente da CT da RTP)

António Louçã (membro suplente da CT da RTP)

Luís Duarte (membro suplente da CT da RTP)

Lilia Magalhães (membro suplente da CT da RTP)

Luísa Vaz (membro suplente da CT da RTP)

Isabel Moreira (membro suplente da CT da RTP) ut.

29 ABril2025

A colaboração com empresas israelitas de cibersegurança trará graves riscos

para as empresas e organismos públicos portugueses

As empresas e organismos públicos portugueses que participaram numa reunião sobre cibersegurança promovida há dias pela embaixada de Israel, incorrem em graves riscos se encetarem projetos com qualquer das 12 empresas israelitas presentes nesse encontro: riscos de reputação, riscos de segurança, e riscos jurídicos.

Riscos de reputação

Está a decorrer neste momento uma investigação do Tribunal Internacional de Justiça sobre crimes de Genocídio cometidos por Israel em Gaza. Milhares e milhares de crianças foram mortas em Gaza, e as organizações humanitárias denunciam que não entram medicamentos nem alimentos em Gaza há 9 semanas. As infraestruturas de água, eletricidade, comércio alimentar, educação e saúde foram quase totalmente destruídas.

Paralelamente, foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas uma resolução exigindo a Israel que termine a sua ocupação ilegal dos Territórios Palestinianos Ocupados,  onde a violência contra os civis palestinianos é diária. Nessa resolução faz-se a seguinte exigência:

“A Assembleia instou os Estados a absterem-se de reconhecer a presença de Israel no Território como legal e a assegurarem-se de que não prestam ajuda ou assistência para manter a situação criada pela ocupação. Isto inclui tomar medidas para impedir que os seus cidadãos, empresas e entidades sob a sua jurisdição se envolvam em atividades que apoiem ou sustentem a ocupação de Israel.”

A colaboração de empresas e organismos públicos portugueses com empresas israelitas que estão intimamente envolvidas com a vigilância e repressão de palestinianos nos territórios ilegalmente ocupados por Israel na Cisjordânia, e crimes de guerra em Gaza, será um indício de cumplicidade para com um Estado genocida, e uma mancha na sua reputação.

Riscos de segurança

Em Israel, existe uma grande promiscuidade entre o exército, os serviços de espionagem e as empresas de cibersegurança. De acordo com estudos efetuados, cerca de 80 % dos fundadores e funcionários de empresas de cibersegurança provêm das agências de espionagem israelitas, nomeadamente das unidades 8200 e 81. A Unidade 8200 é responsável  por operações clandestinas, recolha de informações (SIGINT) e descodificação de códigos, guerra cibernética, informações militares e vigilância. A Unidade 81 está vocacionada para a construção e fornecimento de tecnologias de ponta aos soldados de combate e espiões israelitas. Mais do que serem especialistas de cibersegurança, os quadros das empresas que participaram nesta reunião contribuíram, e contribuem, para um regime de controlo absoluto sobre a vida dos palestinianos, para ciberguerra, e assassínios determinados friamente via Inteligência Artificial, como revela o jornal britânico Guardian.

Os segredos das empresas e organismos públicos portugueses estarão completamente ao dispor destas empresas se as contratarem, o que será o maior risco de segurança em que poderão incorrer.

Riscos jurídicos

Face a estes riscos de segurança, a contratação de qualquer uma destas empresas poderá expor as empresas e organismos públicos portugueses a acusações de comprometimento dos dados por parte dos respetivos clientes ou cidadãos portugueses, com elevados riscos de multas pesadas por parte da Comissão Nacional de Proteção de Dados.

Conclusão

O Comité de Solidariedade com a Palestina contactou várias das empresas e organismos públicos portugueses presentes na citada reunião, entre as quais ANA – Aeroportos, CTT, REN, EDP, E-Redes, Águas de Portugal (AdP), Galp, Jerónimo Martins, Metropolitano, Caixa Geral de Depósitos, Polícia de Segurança Pública e Marinha.

Face aos riscos de reputação, de segurança e jurídicos, a todos foi pedido o comprometimento de que não terão nenhum relacionamento comercial com as empresas que participaram neste encontro, ou quaisquer outras cujos fundadores, executivos e funcionários tenham participado em crimes de guerra, genocídio ou ocupação ilegal, descritos pelo Tribunal Internacional de Justiça, pela Organização das Nações Unidas, e pelas várias organizações de Direitos Humanos.

Comité de Solidariedade com a Palestina  / BDS Portugal.